03/06/10

Nicolinas

As festas Nicolinas

S. Nicolau

As festas nicolinas tiveram origem com o objectivo de fazer culto a S. Nicolau. O santo tornou-se muito popular, sobretudo como patrono e protector dos jovens. Possui desde à muitos anos uma capela em sua honra, edificada em Guimarães no largo da Oliveira.

As Nicolinas são as Festas dos Estudantes do Secundário de Guimarães. Mas são, também - e, provavelmente, ainda mais - as Festas de todos aqueles que um dia passaram pelo Ensino Secundário em Guimarães. Para as novas gerações são as Festas de toda a Cidade, porque todos já passaram um dia pelas Escolas Vimaranenses.

Evolução da tradição

As nicolinas já são tradição vimaranense desde há mais de 400 anos. Desde que a tradição se formou até aos dias de hoje estas festas sofreram mudanças radicais. Cada festejo sofreu muitas alterações até chegar à “idade adulta”!

Comissão dos nicolinos

É constituída por 10 estudantes Vimaranenses:

Presidente (cargo de direcção da comissão)

Vice-Presidente (cargo de direcção da comissão)

Tesoureiro (cargo de direcção da comissão)

Secretário (cargo de direcção da comissão)

Chefe dos bombos (marca toque dos bombos e é o responsável pelo cortejo do pinheiro)

Vice-chefe dos bombos (ensina o toque de caixa e é substituto do chefe dos bombos)

1º Vogal da Academia (lidera a cavalo o cortejo do pregão)

2ºVogal da Academia (substituto)

1º Vogal das festas (responsável pela ornamentação dos locais da cidade onde passam os cortejos)

2º Vogal das Festas (responsável pela ornamentação dos locais da cidade onde passam os cortejos)

Os constituintes da Comissão de Festas são escolhidos por votação, a ter lugar no Jardim do Carmo. Entre os candidatos a membros da Comissão, têm primazia os membros de Comissões anteriores, que estudem ainda nas escolas de Guimarães. Este facto deve-se à dificuldade na a passagem de todas as tradições, ritos, praxes, costumes e hábitos nicolinos se não houver um “velho” nicolino.

A comissão tem uma vida muito dura durante o período nicolino, sempre em peditórios, ensaios, treinos, encontros com os velhos nicolinos e reuniões diárias, tudo isto conciliado com os estudos.

Traje tradicional

O traje tradicional dos alunos secundário vimaranenses, actualmente utilizado apenas pela comissão nicolina, é em quase tudo semelhante ao coimbrão, vulgarmente designado por capa e batina. É utilizado pela comissão e pode apresentar algumas variações em determinados números.


Traje de trabalho

Assim chamado pois era utilizado pelos membros da Comissão quando em trabalho, este traje é usado pela comissão assim como por todos aqueles que participam nas festas nicolinas, e ainda nas chamadas moinas (um género de posses).


Moinas

As moinas antecedem as festas nicolinas. Estas realizam-se nos sábados anteriores ao pinheiro.

Nas moinas os estudantes percorrem a cidade, desde o largo da mumadona, fazendo paragens em várias casas ou estabelecimentos onde se oferecem comidas e bebidas. As moinas são uma espécie de posses e têm um toque próprio.


Pinheiro (29 de Novembro)

O pinheiro é o primeiro festejo oficial da celebração das nicolinas, e sem sombra de dúvidas o mais participado. Na noite de 29 de Novembro a cidade enche-se de pessoas de todas as idades prontas para a festa, rindo, bebendo e tocando nas suas caixas e bombos.

Desde tempos antigos que o “Pinheiro” é tradicionalmente conduzido apenas pelos homens. Isto deve-se ao facto do cortejo ser uma manifestação de masculinidade desempenhada perante as meninas, que deveriam apenas ficar a assistir.

No entanto, nos tempos de hoje, participam nesta festa tanto raparigas como rapazes.

O cortejo é antecipado pelas tradicionais “Ceias Nicolinas” onde as pessoas se reencontram e convivem nos restaurantes da cidade. Estas ceias são compostas por rojões, papas de sarrabulho, tripas, grelos e castanhas assadas, sempre acompanhadas por um bom vinho verde.

O cortejo arranca sempre à meia-noite, começando no Terreiro do Cano. O “Pinheiro” segue enfeitado com lanternas e um festão com as cores modestas (verde e branco), pousado em carros puxados por bois, e levando à sua frente uma representação da deusa Minerva, a deusa da sabedoria.

O cortejo é liderado e conduzido por um membro da Comissão de Festas, o Chefe de Bombos. Este auxilia os bombos com a sua “boneca”, que utiliza para marcar o ritmo do toque.

Finalmente, já no Largo de S. Gualter, ao lado da Igreja de Santos Passos, o pinheiro é enterrado pela comissão nicolina.

Depois da cerimónia, a noite sempre foi de tudo menos de dormir. Esta é a noite dos estudantes que ficam até ao amanhecer na rua a conviver, tocar e massacrar as peles dos bombos , das caixas… e também as suas.

Novenas (1 a 7 de de Dezembro)

As novenas, cerimónias religiosas realizadas durante 9 dias em honra da Senhora da Conceição. Antigamente os estudantes assistiam por obrigação e devoção às novenas, fazendo – se acompanhar sempre por bombos e caixas. Ao “toque das novenas” eles passavam na casa uns dos outros e despertavam a população para a convidarem a assistir naquele acto religioso.

A tradição das novenas foi passando de geração em geração. A sua celebração faz-se na missa das 6 da manhã

Posses e Magusto (4 de Dezembro)

As “Posses” Nicolinas, não são mais que uma recolha de alimentos e bebidas feita pelos estudantes da comissão nicolina, para distribuir pela população.

As “Posses” iniciam-se às 21.00h no Campo da Feira, percorrendo todas as ruas do Centro Histórico em percurso definido em função das casas onde haja “paragem” combinada.

Nelas participam apenas os membros da comissão, seguidos por um cortejo constituído pela população e por uma banda de música que toca o hino das nicolinas.

Depois de recolhidos os bens alimentares, tem início o “Magusto”. É neste momento em que, à volta de uma fogueira, os nicolinos oferecem à população o resultado das ofertas de todas as posses realizadas.

Na praça de Santiago partilham-se as castanhas e o vinho e convive-se.

Normalmente tudo tem decorrido, de uma forma pacífica e unicamente sob o espírito da partilha e confraternização entre os estudantes e a população.

Pregão (5 de Dezembro)

O pregão consiste na declamação de um texto por parte do Pregoeiro, escolhido de entre os elementos da comissão, devido à sua voz. Neste texto constam as reivindicações, criticas sociais e políticas e aspirações para o futuro dos estudantes.

Este número surgiu no século XVIII, mas o primeiro pregão hoje conhecido data apenas de 1817. O pregão apresenta um carácter histórico importante já que através dele se pode saber a evolução da história da cidade de Guimarães.

Tem início no campo da feira às 3 horas da tarde e termina quando o cortejo chegar ao largo do toural. O cortejo, é liderado a cavalo, pelo 1º Vogal da Academia, seguido pelo “Carro do Pregão”, um coche puxado por cavalos, onde seguem o Pregoeiro, Presidente, vice-Presidente, tesoureiro e Secretário.

O “Pregão” é recitado, ou apregoado, em cinco pontos da cidade por onde se deslocam em cortejo os estudantes tocando nas suas caixas e bombos o toque do pregão:

Câmara Municipal de Guimarães

Escola Secundária Martins Sarmento

Rua de Santa Maria, na casa da Dona Aninhas

Sede da comissão ou na praça de Santiago

Edifício nicolino, ou torre das almadas

Este número simboliza a presença do espírito jovem estudantil, mas também dos seus conhecimentos, capacidade de escrita e declamação, resultado da sua formação escolar.


Maçãzinhas (6 de Dezembro)

É a festa mais importante das Nicolinas e realiza-se sempre na tarde do dia 6 de Dezembro, o dia de S.Nicolau, no coração do centro histórico : a Praça de Santiago.

As raparigas são as homenageadas deste festejo, é-lhes por isso reservado e dedicado o dia mais significativo. Neste dia elas encontram-se à janela, local onde simbolicamente deveriam ter ficado a assistir todos os outros festejos

Esta festa simboliza o cavalheirismo, o amor, o cortejo amoroso e o namoro “à moda antiga”. O cortejo é aparte dos estudantes acompanhado de carros alegóricos.

O jovem oferece na ponta da lança (símbolo de perfuração do coração da mulher) uma maçã (símbolo do pecado original) à rapariga amada ou pretendida recebendo em troca um presente. A lança está enfeitada de fitas coloridas oferecidas por outras raparigas com bordados e dedicatórias especiais. A grande e comprida fita do laço, que ata as restantes, pela namorada ou uma pessoa especial.

Danças de S. Nicolau (6 de Dezembro)

As suas origens estão ligadas à necessidade de angariar fundos para a construção da capela de S. Nicolau, capela essa edificada no largo da Oliveira. Mas se antes a sua finalidade era religiosa agora é de pura diversão.

Estas danças nicolinas, a cargo dos Velhos Nicolinos consistem na representação de um espectáculo somente de homens que se “travestem” em diferentes personagens. É uma noite recheada de bom humor e de critica social.

Baile Nicolino (7 de Dezembro)

O Baile Nicolino é o número de encerramento das Festas Nicolinas. É um Baile de Gala para o qual os estudantes se vestem “a rigor”, sempre acompanhados pelo seu par.

Actualmente tenta-se refazer com algum rigor o baile do fim do século XIX, realizando-se uma ceia e um baile à moda antiga. Este baile simboliza o convívio e reencontro fraternal onde se faz a apologia das relações entre os homens.

Roubalheiras

Antigamente este número era realizado de dia 4 para 5 de Dezembro, no qual estudantes espalhavam-se pela cidade, noite adentro, deitando a mão a todo o tipo de objectos que apareciam de manhã no Largo do Toural. No entanto as “Roubalheiras” foram aproveitadas por muitos para roubar verdadeiramente, o que levou a que se deixassem de fazer parte das festas nicolinas até à bem pouco tempo atrás.

Actualmente, as “Roubalheiras” realizam-se numa noite secreta da “Semana Nicolina”, mas com aviso prévio às forças de segurança. Todos os participantes nas “Roubalheiras” têm de estar devidamente identificados e têm de colocar avisos oficiais nas casas ou lojas “assaltadas”. Os objectos são depois levantados no toural com a apresentação de uma senha.




Feito pelo grupo

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